Comitê de Tuberculose intensifica ações de prevenção à doença no Estado

            O Governo do Estado intensifica as ações para ampliar a prevenção e a disseminação de informações sobre o diagnóstico e tratamento da  tuberculose, doença bacteriana que afeta principalmente os pulmões e cujos registros de casos no Amazonas estão 70% concentrados em Manaus. O Comitê de Tuberculose, do qual fazem parte órgãos públicos e instituições filantrópicas, tem ampliado o trabalho educativo e de prevenção junto à população, esclarecendo causas, diagnóstico e tratamento da doença.

            O trabalho tem como público principal alunos da rede pública de ensino, detentos do sistema prisional do Estado e moradores de rua. Constituído em 2007, o comitê é formado por representantes de instituições filantrópicas, das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde e Educação, Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), além de órgãos federais, como a Fiocruz e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). As reuniões do comitê acontecem mensalmente na Policlínica Cardoso Fontes, Centro da cidade, onde são definidas as áreas de abordagem e as medidas que serão aplicadas.
            Na rede pública de ensino, tanto estadual quanto municipal, o trabalho foi iniciado este ano, com esclarecimentos sobre a tuberculose por meio da realização de palestras e distribuição de material informativo, contendo orientações para identificação de sintomas e a necessidade de diagnóstico e realização de tratamento.
            Com os moradores de rua, o comitê realiza as abordagens e o atendimento nas áreas centrais da cidade. O último local que recebeu as ações do programa de controle da tuberculose foi na rua Visconde de Mauá, Centro, onde existe grande concentração de moradores de rua. “No início do ano levamos o programa à população que vive próximo à ponte do São Raimundo, onde identificados dois casos de tuberculose”, afirma Irineide Assumpção, diretora da Policlínica Cardoso Fontes.
            Sistema prisional – Uma das primeiras estratégias de trabalho do grupo foi viabilizar o acesso ao diagnóstico e tratamento da doença nas oito unidades prisionais do Estado. Segundo Irineide Assumpção, com a implantação do Centro de Controle de Tuberculose na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoal, todos os detentos, obrigatoriamente, realizam radiografia e, apresentando sintomas da doença, são submetidos à baciloscopia, exame realizado com o escarro do paciente suspeito de estar infectado. “Quando é diagnosticada a doença, o preso entra medicado na cela e com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar lotada em cada unidade prisional”, explica a diretora da Policlínica, que é referência no Amazonas em pneumologia sanitária.  
            A tuberculose é causada por uma bactéria que espalha-se pelo ar quando é eliminada através da fala, tosse ou espirro de pessoas infectadas com a doença e que não estão em tratamento. A chance de infecção é maior em pessoas cujas defesas do organismo estão mais frágeis, em casos como desnutrição, alcoolismo, tabagismo e doenças imunossupressoras, como a Aids. Os sintomas, quando aparentes, são tosse seca e contínua, tosse com catarro quando a doença evolui, febre baixa, suores noturnos, perda de apetite e de peso, fraqueza, cansaço e prostração.
            Tratamento – Segundo a diretora da Policlínica Cardoso Fontes, os principais desafios enfrentados pelos médicos é a falta de informação sobre a doença, o que atrasa o diagnóstico, e a interrupção do tratamento. “As pessoas demoram a procurar atendimento especializado porque acreditam que aquela tosse de três semanas é um sintoma de gripe”, afirma Irineide Assumpção. Em relação à descontinuidade do tratamento medicamentoso, a diretora explica que o uso dos antibióticos pode levar uma melhoria do quadro de saúde em menos de dois meses, o que, muitas vezes, faz com que o paciente interrompa a medicação, que deve ser ministrada por, no mínimo, seis meses. 
            “Dependendo do quadro de evolução da doença, o tratamento pode ser de seis meses até dois anos. Se a pessoa não atende a esta recomendação, por achar que já está curada, a doença retorna mais resistente e o tempo de uso dos remédios torna-se ainda mais extenso”, explica a diretora. A restrição às bebidas alcoólicas e ao fumo também são fatores que motivam o abandono do tratamento de pacientes com tuberculose.
            A auxiliar administrativa, Renata Souza, mantém-se fiel ao tratamento. Ela descobriu que estava doente a partir de um exame de rotina e, deepois de um ano a base de antibióticos, ela está no último mês do tratamento. “Logo no começo percebemos que existe uma melhora na saúde, ganhamos peso, mas, se não completarmos o ciclo de remédios recomendados, a doença volta ainda mais forte, por isso, não desisti e recomendo que todos os pacientes façam o mesmo”. Ela alerta ainda que qualquer pessoa pode ser vítima de tuberculose. “Não bebo, não fumo, mas, infelizmente, adquiri a doença pelo meu sistema de defesa está fragilizado”, disse Renata.               
            Atendimento – A Policlínica Cardoso Fontes atende, atualmente, cerca de 300 pacientes acometidos da tuberculose. Na unidade de saúde, que pertence ao Governo do Estado, o paciente com suspeita da doença é submetido ao exame de RX, a baciloscopia e, mediante a confirmação do quadro infeccioso, é definido o tratamento medicamentoso de acordo com a gravidade da doença. “O paciente recebe gratuitamente os antibióticos e, para que não ocorra a descontinuidade do tratamento, a policlínica disponibiliza uma quantidade de remédios para apenas três dias, com isso, ele (paciente) é obrigado a retornar a unidade”, esclarece a diretora da  Policlínica, acrescentando que, o tratamento contínuo com antibióticos resulta na cura definitiva da doença. 
            Com descentralização do programa de controle da tuberculose, em 2007, todas as unidades de saúde públicas do Estado e Município dispõem de profissionais capacitados ao atendimento das vítimas de tuberculose. Os casos mais complexos e resistentes às medicações são acompanhados pela Policlínica Cardoso Fontes. Além de Manaus, os municípios de São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Itacoatiara e Parintins concentram um número significativo de casos da doença.

Fotos: Alfredo Fernandes

Publicado por Amazonas Em Destaque

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